O ousado sem
camisa, o olhar sedento que desviava fluidez em uma pseudotimidez
O curioso de essência e a incontrolável curiosidade de ter o
outro, nicotina
O boné verde, um talvez alargador preto, o sol que teimava em
não me permitir ver
Ouvi tua voz ao longe, mas não conseguia te materializar
enquanto já te sabia, previa
Estalos da não despedida, o corte da história que denunciava
a junção ilícita dos opostos
Todavia você me encontrou, em minutos éramos fumaça rubra e
libido em suspiros
A pousada, a intrepidez do novo em apelo silencioso na
primeira eviterna cama
Teus olhos ciganos, como uma pintura perfeita, as mãos hábeis
em seda
Meu corpo trêmulo, o sem fim, o reggae em um compasso olho no
olho em chamas
A pulsação, o desnudo e o desinibido, a permissividade dos
corpos, água de chuveiro
Então o cigarro que marcava teu rosto em uma neblina de
mistério, leve fugacidade
Entorpecente, latente também perene, já éramos a mais
estranha realidade
Beijos de cacau, água ardente em toques e risos
involuntários, inconstâncias e paixão
A que não buscamos, resistimos, desistimos; o sol já era
cúmplice depoente
Brisa na ilha, dois reis em trono de pedra e o som do mar
quebrando em música
A sensação adolescente de infinitude, o elo súbito, a certeza
fortuita da insegurança
Enquanto os dias sugeriam polvorosas experiências fugazes,
fomos imensos dois
Imoderados fugitivos na noite em cercas, matos rasteiros,
areia de praia conjugal
Já não dominávamos as vontades do externo, nos instituímos
imprescindíveis
Fomos distâncias de barco quando os pensamentos nos ligavam
em sal
Tememos o fim, acidente no mar; cobiçava sua silhueta, o
bálsamo narcótico hipnótico
A lua desenhando sua luz no mar, o lençol azul, os nus
sedentos namorando o céu
A surpresa, os corpos e o visceral, o arrepio do
pressentimento do indefinível
Atônitos declaramos amor ao passo que amanhecia, o vértice
suado da querença
Enfim, a aflição chorosa estúpida do talvez, mas que já doía
inerte viciante, fumo
O possível último sol, o farol sem luz, o caminho desespero
perigoso da última vez
A não saciedade lascívia, o aroma das bocas e a incapacidade
de saber agir
Os degraus que desejamos não findarem para evitar o fim, a
saudade bronzeada
Patéticos voluntários, choramos a dúvida em lentes
descomedidas, explosão
Em cheiro, saca tua câmera e eterniza a nossa lua no mar
negro, um quadro demodê